domingo, 23 de março de 2008

MÃE

Dizem-me, teimosamente, que ainda não resolvi a morte da minha Mãe. Como não? Só o facto de ter a coragem de escrever “MORTE”, já denuncia alguma resignação, não?
Tenho saudades… A saudade protela a presença. Continuo a acordar diariamente com a ária dos seus passos pelo corredor. Antes de sair para trabalhar, beijava cada filho como se fosse o primeiro. Não sei a marca do perfume, para mim cheirava sempre a Mãe.

Neste preciso momento, enquanto escrevo, está aqui ao meu lado.

Estás a olhar para mim, Mamã?
Faz-me aquelas festinhas, que me desligam da corrente e me fazem regressar ao abraço placêntico…

Lembras-te, Mamã? Quando as tuas perguntas traziam todas as respostas, quando o último cigarro era democraticamente dividido, quando amanhecia e nós na varanda, em busca da noite clara… Quando éramos só nós.
Eu, vindo de Ti. Tu, Eu em forma de Mãe…

Disse-me a tua primeira Papoila, que escrevo como escrevias.
Como me emociona, Mamã...
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JP