A injustiça da vida, desfolha a folha que o tempo da vida não permitiu ser folheada…
O epílogo traz de volta o beijo perdido. Nós, vestidos de escuridão numa rua guardada da Guarda.
Recordámos, esta noite, o “beijo-menino”.
Protelamos, assim, o bailado de línguas inexperientes, até aos nossos dias.
É o beijo desprendido.
Livre de votos descabidos, face à clara vontade que temos de nos beijar de novo...
Acontecerá novamente, contrariando aquilo que deveria ser. A vontade de nos sentirmos vivos, ultrapassa a conveniência do “vivendo”…
Na tontura do futuro, imagino aquilo que seria, se o teu sabor ainda me povoasse o palato. Se os corpos, ainda hoje, descobrissem no tacto, as curvas que só a lembrança nos traz vertigem.
Quanto mais sinto saudade, mais arrependimento se soma, às falhas cobardes do passado…
Mais se diminui, a convicção de enfrentar o tracejado vivido.
Prendes-me ao teu encanto, sem que te dês conta…
Cheiro-te de longe, no silêncio que te vem da boca…
JP